REMARTEC: AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS PARA O USO DO DESCARTE DOS RESÍDUOS ORIUNDOS DA MARISCAGEM
Resumo
A proposta apresentada se insere dentro do cenário de sustentabilidade ambiental, que promova mudanças nos hábitos de consumo e produção de bens, como uma potencialidade a revalorização nos arranjos produtivos locais, no que tange aos resíduos provenientes do pescado. Objetiva promover gestão sustentável e técnica de reuso dos resíduos oriundos da mariscagem e pesca em Pernambuco, através da educação considerando três dimensões para a construção da via sustentável solidárias (dimensão sociopolítica, dimensão sociocultural e dimensão socioambiental), fortalecendo a renda familiar com a inserção de atividade produtiva, através da metodologia de tecnologias sociais, considerando restabelecimento da saúde ambiental. Será construída uma rede solidária com as colônias dos pescadores (Z1 ) que será incubada. As ações metodológicas incluem: confecção de artefatos oriundos da mariscagem e da pesca, construção de uma rede colaborativa nas colônias através de planejamentos considerando os aspectos socioambientais e sustentabilidade; criação de um plano de manejo usando as tecnologias sociais que visem à conservação das margens dos territórios pesqueiros; atividades de produção e inovação usando as tecnologias sociais que visem à conservação das margens dos territórios pesqueiros; construção de rede com parcerias com empresas privadas, principalmente no setor da construção civil, e outras instituições e o fortalecimento de uma política pública para a economia solidária. Ao final do projeto esperamos como ponto primordial a mitigação dos impactos socioambientais e no âmbito da incubação tecnológica social como alternativa de renda familiar. Além da criação de plano de manejo REMARtec: inovação de técnicas através da “via sustentável solidária”.
Estudo da realidade
O projeto tem como seu foco primordial o uso do conhecimento tradicional de comunidade extrativista associado ao conhecimento científico para buscar auxiliar no manejo e gestão dos recursos providos da pesca artesanal, no caso o descarte das conchas na comunidade, bem como, interação e a produção conjunta de um novo conhecimento, capaz de atenuar a desigualdade, exclusão social, na construção de uma sociedade justa, ética e democrática. Também ressaltamos a importância da interação dos conhecimentos tradicionais e acadêmicos para a construção de uma gestão coletiva quanto aos aspectos da conservação ambiental. Na região Nordeste concentra-se o maior número de pescadores, com 386.081, que representa 46,3% do total do país e dentre esse percentual as mulheres participam da pesca artesanal normalmente exercendo o papel de marisqueiras, se ocupam das coletas de moluscos ou crustáceos.
A proposta que aqui apresentada vem buscando trazer soluções para um problema ambiental que vem crescendo, que é a deposição inadequada e acumulação de resíduos, seja jogados na própria comunidade ribeirinha ou nas margens dos estuários, bem como fortalecer a intencionalidade da produção da “via sustentável-solidária” com a formação de rede e incubação dos territórios investigados. E se justifica, também, pela escassez de trabalhos que auxiliem as marisqueiras a encontrar solução para o tratamento dos resíduos, principalmente na vertente de auxiliar a cadeia produtiva primária.
Justificativa
O projeto contempla as regiões litorâneas, em prol de suas comunidades provenientes e se insere dentro do cenário de sustentabilidade ambiental, que promova mudanças nos hábitos de consumo e produção de bens, tendo como uma potencialidade a revalorização nos arranjos produtivos locais, no que tange aos resíduos provenientes da mariscagem, proporcionando diversos recursos formativos através do empreendedorismo com formação de rede de incubação. Sendo tais perspectivas articuladas com três eixos para a construção de uma 'via solidária sustentável' (Educação ambiental, empreendedorismo e tecnologia social).
Nesta esteira, na busca de alternativas ou caminhos para a promoção do desenvolvimento sustentável tem se tornado uma preocupação constante em vários países, nos últimos anos, em razão do contexto bastante específico da dinâmica do capitalismo contemporâneo. Tais caminhos podem ser realizados a partir da “via sustentável solidária” que orientam soluções de combate ao desemprego ou de promoção do desenvolvimento local: uma ética da competição, em oposição a uma ética da cooperação. A via solidária-sustentável terá como eixo norteador o planejamento, a gestão dos resíduos oriundos da mariscagem através de um plano de manejo, a formação de rede nos diferentes territórios com intuito empreendedor.
Nesta linha, iremos aplicar a tecnologia social considerando as inovações sociais de gestão em busca do desenvolvimento sustentável e econômico junto às marisqueiras, uma vez que a reutilização dos produtos oriundos da mariscagem possa além de reduzir os impactos ambientais, podem gerar fonte de empregabilidade e renda, potencializando os recursos naturais locais e fortalecendo a renda familiar com a inserção de mais uma atividade na cadeia produtiva.
Objetivo geral
Promover gestão sustentável e técnica de reuso dos resíduos oriundos da mariscagem em Pernambuco. Especificamente, fortalecer a renda familiar com a inserção de mais uma atividade produtiva, através da metodologia de tecnologias sociais, considerando restabelecimento da saúde ambiental através de estratégias de gestão para formação de rede de incubação nos territórios investigados.
Ações desenvolvidas
Impactos sociais
Educação
Impacto Externo
Melhoria na qualidade de vida da comunidade adjacente ao estuário e região costeiro de Brasília Teimosa/PE. População dos bairros localizados na área de estudo. Remoção expressiva das cascas de mariscos e sururu descartados de forma indevida nas margens do estuário e na comunidade durante o período de cada mês. A remoção periódica dos resíduos favoreceu diretamente a saúde e bem-estar dos moradores locais, visto que a aglomeração das cascas de marisco contribuía efetivamente para a transmissão de doenças. Era comum, segundo relatos de moradores, a presença de muitos vetores de doenças, como Aedes Aegypti (transmissor da dengue e da febre amarela urbana) e ratos (transmissor da leptospirose, tifo, salmonelose e hantavirose) na localidade, devido ao grande amontoado de resíduos, além do mau odor. Desse modo, a remoção agiu diretamente em prol da saúde dos moradores, além do bem-estar por estar em um ambiente mais agradável, podendo inclusive, apreciar a beleza natural do estuário.
Impacto Externo
Por meio da via sustentável-solidária com proposição de alternativas para o descarte correto dos mariscos e sururu da comunidade e nas margens do estuário. População dos bairros localizados na área de estudo, marisqueiras e mulheres da comunidade. Na via sustentável-solidária foi construída considerando o pressuposto de entendimento da economia solidária como iniciativa de natureza cooperativista e/ou associação envolvendo as marisqueiras, num determinado
contexto territorial, na busca para resolução de problemas socioambientais concretos relacionados à sua
condição de vida no cotidiano, por meio do fomento à criação de atividades socioeconômicas. Considerando as seguintes etapas: Diagnóstico socioeconômico planejamento; Formação e capacitação; Execução dos artefatos e Empreendedorismo. Organização das mulheres e marisqueiras para construção de empreendedorismo sustentável por meio da retirada do recurso do resíduo da mariscagem minimizando o impacto gerado.
Impacto Externo
Melhoria na qualidade da água e sedimentologia local. Pescadores, marisqueiras, estudantes e sociedade Remoção expressiva das cascas de mariscos presentes nas margens do estuário a cada mês; atividades de educação ambiental; atividade de campo no estuário do Capibaribe/PE e monitoramento da qualidade da água. A remoção periódica dos resíduos interfere diretamente na faixa de lama presente no manguezal, incluindo os processos de assoreamento e autodepuração do estuário. Visto que, esses resíduos implicam diretamente a qualidade da água, do ambiente e consequentemente a vida marinha ali existente. Além disso, atividades de educação ambiental foram realizadas visando a problemática de poluição nas águas e pesca de animais em estágios de não maturação. Com essas perspectivas, a vida na água pôde-se desenvolver melhor, pescadores e marisqueiras tiveram acentuada melhoria em seus trabalhos, e estudantes e sociedade melhor contemplação cênica.
Impacto Externo
Por ações realizadas na via sustentável-solidária com a entrega de kits com instrumentos primordiais para o desenvolvimento dos artefatos e artesanatos para venda e visibilidade no comercio turístico. Marisqueiras, mulheres da comunidade Foi realizada de forma conjunta com todos os atores do projeto
(Escola-Marisqueiras-Universidade) nos diferentes territórios para a confecção dos artefatos oriundos do
reuso da mariscagem. A confecção foi realizada com orientação dos pesquisadores, equipe técnica e
estudantes da UFRPE. Com a entrega do kit as marisqueiras tiveram a oportunidade de confecção dos artesanatos e com empreendedorismo Sustentável tiveram uma compreensão mais detalhada da ação
empreendedora como um mecanismo para sustentar como um suporte da vida, além de reduzir a pobreza e, ao mesmo tempo, manter o ambiente natural e qualidade de vida e bem estar local.
Impacto Externo
Melhoria de renda das marisqueiras e mulheres da comunidade potencializando o seu trabalho com o artesanato ampliando o uso dos recursos oriundos da mariscagem com o reaproveitamento das conchas. Marisqueira, mulheres e comunidade local. Desenvolvimento das peças de forma artesanal; movimentação financeira na comunidade e feiras locais. Com a construção das peças de maneira artesanal, as marisqueiras conseguem potencializar seu trabalho incluindo novas perspectivas. Com isso, a geração de uma renda extra fundamental para sua família, favorecendo consequentemente o crescimento econômico local, visto que o dinheiro arrecadado com a nova funcionalidade gira em uma mercearia ou padaria local, por exemplo. Além de contribuir na independência financeira dessas mulheres, sendo uma das principais fontes de renda no período de defeso (momento o qual elas não podem pescar os mariscos). Atualmente estamos no período de comercialização dos produtos.
Impacto Externo
Preocupação e na funcionalidade para todas as etapas do marisco após sua pesca. Marisqueiras e Comunidade local Na via sustentável-solidária considerando as seguintes etapas: Formação e capacitação; Execução dos artefatos e Empreendedorismo. Vislumbrando que a única parte aproveitada do marisco é a parte mole, ou seja, interna. Suas cascas são descartadas de forma indevida. Visto isso, ações para o reaproveitamento dessas cascas são o foco do projeto, na construção de artefatos que possam contribuir diretamente com a renda dessas marisqueiras. Com isso, os mariscos são consumidos de forma integral, na alimentação e na utilização de um adorno pessoal ou de decoração, além de futuras pesquisas de sua transformação para a construção civil. Com a responsabilidade de ciclo, os impactos ambientais gerados são expressamente reduzidos.
Impacto Interno
Por meio do diagnóstico as marisqueiras e mulheres da comunidade mostraram interesse em participar das oficinas que consistem no reuso das conchas de molusco para confecção de produtos artesanais na perspectiva no incremento da renda e seu potencial na busca alcançar o empoderamento. As principais beneficiadas foram as mulheres da comunidade ribeirinha. Durante as capacitações sobre as técnicas de produção de artefatos oriundos do reuso de cascas de mariscos e gesso; no entendimento sobre a economia solidária, empreendedorismo e desenvolvimento sustentável descritas na via solidária-sustentável, capacitando-as para o reconhecimento do trabalho coletivo para construção de uma economia solidária, O interesse das mulheres envolvidas na entrada no setor pesqueiro e visibilidade no uso de alternativas dos resíduos da mariscagem permitindo mais do que a independência financeira, garantindo a representatividade principalmente àqueles em situação de vulnerabilidade financeira.
Impacto Interno
Considera-se a visão de três grupos focais distintos com percepções e atividades distintas em relação ao ecossistema manguezal, reuso dos resíduos da mariscagem. Estudantes do ensino básico, estudantes de graduação, ensino não formal (marisqueiras) Formação: oficinas de leitura, escrita; Produção coletiva de livros cartoneros: com produções textuais, desenhos com os estudantes em diálogo com as temáticas propostas; Construção de narrativas com as marisqueiras; oficinas de formação. Sensibilização: ambos os benificiários do projeto se sensibilizaram quanto à preservação e conservação da fauna; reconhecimento dos moluscos de grande potencial econômico para o estado de Pernambuco (sururu, mariscos e ostras); internalização do conteúdo levando em consideração novos organismos da fauna estuarina.
Percepção: compreensão da importância econômica e ecológica do manguezal, sendo notado em atividades como construção de nuvem de palavras e em atividade de campo no estuário.
Impacto Interno
Direcionamento para melhoria de renda do grupo de marisqueiras Marisqueiras e mulheres da comunidade ribeirinha Capacitações técnicas para construção de uma associação; manuseio e construção dos artefatos provenientes dos resíduos da mariscagem para posterior venda. Nas oficinas técnicas as marisqueiras puderam verificar o potencial de que, em uma associação elas teriam mais força e reconhecimento no mercado, favorecendo a construção de um produto de qualidade que fará a diferença orçamentária em suas famílias e visibilidade no comércio turístico na praia do Pina/PE. Assim, desmistificaram que a casca dos mariscos eram apenas descarte, tornando-se um elemento chave para diminuir a pobreza acentuada principalmente em períodos de defeso, onde a economia tende a diminuir consideravelmente. As constatações foram percebidas nas reuniões periódicas com o grupo, além da construção de narrativas a cerca da percepção e andamento do projeto proposto. Fortalecimento na via sustentável-solidária.