CERAV
Resumo
O Programa do CERAV contribui para a conscientização dos agressores sobre a violência, com o enfoque sobre a violação dos direitos humanos das mulheres e para a responsabilização desses, pela violência cometida.
Evidencia em todo aspecto de atendimento, promover mudanças de atitudes e comportamento, sendo um equipamento de acompanhamento de penas e decisões proferidas pelo juízo competente, conforme previsto na Lei 11.340/2006 e na Lei de Execução Penal.
Visa a desconstrução social da desvalorização do feminino, na submissão e opressão das mulheres e nas desigualdades de poder entre os sexos.
Traz o questionamento das relações de gênero que têm legitimado as desigualdades sociais e a violência contra as mulheres, por meio de atividades educativas, reflexivas e pedagógicas vinculadas à responsabilização dos agressores, bem como promover campanhas de combate a violência.
Contribui para a desconstrução de estereótipos de gênero, a transformação da masculinidade hegemônica e a construção de novas masculinidades, funcionando de forma articulada aos demais serviços da rede no sentido de contribuir para a prevenção e o combate a violência contra as mulheres. Promove o debate sob o panorama de mudanças de atitudes e comportamentos sobre a violência de gênero.
Orientado pelas diretrizes da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) e dos demais Ministérios integrantes da Câmara Técnica do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, o serviço contempla:
• Condução e facilitação de atividades em grupo que favoreçam uma conscientização por parte dos agressores quanto à violência cometida, a partir de uma perspectiva de gênero feminista e uma abordagem responsabilizante.
• Fornecimento de informações permanentes sobre o acompanhamento dos agressores ao juízo competente.
• Encaminhamento para programas de recuperação, para atendimento psicológico e para serviços de saúde mental, quando necessário.
• Formação continuada da equipe técnica multidisciplinar.
• Atualização permanente das informações sobre direitos humanos, relações de gênero, masculinidades e violência contra as mulheres, a partir de uma abordagem responsabilizante.
Estudo da realidade
Sorocaba é a 4º cidade mais populosa do interior do estado e a mais populosa da região suldeste paulista, com uma população de 630.000 habitantes (IBGE/2013). É um importante polo industrial do Estado e do Brasil. Atualmente, Sorocaba é maior que nove capitais estaduais.
As mulheres são maioria em Sorocaba, com 51,1% do total. Em números absolutos, são 299.513 mulheres e 286.798 homens.
Somente neste ano, o CIM-Mulher foi responsável pelo acolhimento de mais de 300 pessoas, vítimas de violência sexual, doméstica, física, emocional, psicológica e social.. Em todo o ano passado foram 1.420 pessoas atendidas.
O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking mundial dos países com mais crimes praticados contra as mulheres, segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça.
Sorocaba é uma cidade de vanguarda e em franco desenvolvimento, e para tanto necessita de uma abrangência de ações no âmbito da questão da violência doméstica.
Justificativa
O trabalho em grupo com mulheres vitimas de violência doméstica, antecede a promulgação da Lei Maria da Penha, evidenciando a posição de vanguarda por parte do CIM-Mulher que vem prestando serviço relevante desde 1997 às pessoas em situação de vulnerabilidade em razão da violência doméstica - mulheres e seus filhos, mulheres em situação de rua, meninas e adolescentes em situação de risco social.
A partir deste trabalho, concluiu-se pela necessidade de desenvolver o programa para, através de forma planejada e coordenada, sistematizar o trabalho de grupo reflexivo com autores da violência doméstica em consonância com o juizado especial da violência doméstica de Sorocaba.
O grande alcance social e caráter inovador da Lei Maria da Penha têm como um dos principais destaques a previsão da adoção de medidas punitivas em relação ao agressor, com vistas à prevenção, redução e interrupção do ciclo de violência, através da inclusão em grupos reflexivos com perspectiva de promover mudanças de atitudes e comportamento sobre a violência de gênero.
O CENTRO ESPECIALIZADO DE REABILITAÇÃO DO AUTOR DA VIOLÊNCIA é reconhecido como um método eficaz para coibir, prevenir e reduzir a reincidência da violência doméstica contra a mulher, e está previsto no Artigo 35 da Lei 11.340 de 07 de Agosto de 2006.
Sendo assim, Portanto, o CENTRO DE REABILITAÇÃO AO AGRESSOR, e o funcionamento dos grupos reflexivos com os autores em situação de violência doméstica, vem de encontro a uma nova perspectiva de enfrentamento e prevenção à violência.
Objetivo geral
Contribuir para a conscientização dos agressores sobre a violência doméstica/intrafamiliar, com o enfoque sobre a violação dos direitos humanos e para a responsabilização desses, pela violência cometida.
Ações desenvolvidas
• Promover atendimento psicossocial individual e grupos reflexivos à partir de uma perspectiva de gênero e de uma abordagem responsabilizante;
-
Atendimento psicossocial individual;
Grupos reflexivos ;
Palestras;
Rodas de conversa;
Encaminhamento a rede socioassistencial,
Coleta de dados para o Município;
Construção do "mapa da violência" com vistas a prevenir novos casos violadores de direitos.
Essas ações, mostram-se eficazes na redução dos índices de violência, pois desde 2014 apresentamos um índice de reincidência de 2%.
Impactos sociais
Cultura
Impacto Externo
O resultado positivo foi percebido pela equipe técnica através de depoimentos, entrevistas, observação e monitoramento no pós desligamento dos 261 atendidos pelo programa, encaminhados pelo Poder Judiciário, Cerem e Creas no exercício de 2017. Durante todo o Programa de reeducação do autor de violência doméstica, e em especial na conclusão e desligamento, foram relacionados os seguintes impactos: • Resgate de valores;
• Responsabilização;
• Prevenção;
• Desconstrução de estereótipos de gênero;
• Inclusão das questões de gênero;
• Transformação da masculinidade hegemônica;
• Construção de nova masculinidade;
• Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
• Resgate da cidadania;
• Identificação com o seu papel na sociedade;
• Quebra do ciclo de violência no núcleo familiar.
Inclusão
Impacto Externo
O resultado colhido através de escuta qualificada, entrevistas e acompanhamento no pós desligamento, verificou-se que os atendidos pelo Programa relatam que a participação nos grupos reflexivos trouxe a eles transformação pessoal abrangendo os seguintes pontos: • Responsabilização (aspecto legal, cultural e social).
• Igualdade e respeito da diversidade (discussão sobre gênero).
• Equidade (observância à garantia dos direitos humanos universais).
• Promoção e fortalecimento da cidadania (respeito aos direitos e deveres individuais e coletivos).
Política
Impacto Interno
Através do interesse pessoal na participação junto aos Conselhos Municipais (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e adolescente e Conselho dos Direitos da Mulher), onde os funcionários do CIM-Mulher, durante o ciclo de trabalho, perceberam que poderiam ser contribuir mais com a sociedade através da maior participação política, para ampliação dos direitos sociais e civis.