Resumo

Na atualidade, com as novas configurações familiares e desafios da contemporaneidade, muitos pais, mães e outros responsáveis se veem com dificuldades no exercício de sua paternidade/maternidade/ parentalidade. Com uma sociedade em constante transformação, a família, como um sistema complexo e pertencente a esta sociedade, não deixa de ser impactada por estas transformações, sendo convocada à constante avaliação de sua organização para que possa dar conta da tarefa de educar o filho frente a estas novas configurações sociais. Assim, se faz necessária uma intervenção com vistas a oportunizar aos pais, mães e responsáveis um espaço seguro para que o diálogo, a partilha de experiências e a reflexão sobre sua função parental possa acontecer. Em face do exposto e considerando que a família é o sistema social que mais influencia o desenvolvimento do sujeito, este projeto se apresenta com a intenção de criar este espaço dialógico com estas figuras parentais, com vistas a alcançar, de modo indireto, a promoção de condições de desenvolvimento e aprendizagem mais saudáveis. Este projeto pode trazer significativos contribuições diversas para os sujeitos e espaços envolvidos. Do ponto de vista da escola, de outras instituições educativas e dos profissionais da educação, oportuniza a criação de um espaço dialógico e estreitamento do vínculo família-instituição, o qual é fundamental para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem (CASTRO; REGATTIERI, 2009). Às famílias, permite a reflexão sobre situações cotidianas da dinâmica familiar e relação com as crianças e, de modo consequente, o desenvolvimento de estratégias de intervenção e/ou enfrentamento sobre as mesmas. E, por fim, para as graduandas que participam como monitoras do projeto, esta é uma importante oportunidade de colocarem em prática os conhecimentos e aprendizados teóricos construídos nas disciplinas cursadas ao longo do curso.

Estudo da realidade

Nos últimos 30 anos, a sociedade assistiu a intensas mudanças sociais, especialmente no que se refere a discussões sociais que questionavam os modelos de organização social vigente, em especial o patriarcado e toda configuração familiar e social dele decorrente. Nesse sentido, Santos-Lima (2019) relata que novas configurações começaram a ser formadas e, nas famílias, novos desafios foram apresentados, principalmente em função do ingresso da mulher no mercado de trabalho e de sua maior autonomia afetiva e econômica que ocasionou na necessidade de um nova dinâmica e torina familiar em face aos cuidados com as crianças, que passaram a ingressar mais cedo nas escolas, que constituem uma das principais redes de proteção e formação de modo extensivo às famílias.

A organização familiar tradicional e consanguínea se desconfigurou, dando espaço a novas formações, agora multifacetadas, em que a definição de família tem rompido os limites dos vínculos biológicos para alcançar a compreensão da parentalidade como condição para definir o grupo familiar.

As escolas, por sua vez, modificaram concepções e práticas, pois, para o século XXI, tal como já apontava Delors (2003) no final do século XX, elas deveriam assumir os pilares da formação para o ser e para o conviver, uma formação integral que não mais se limitaria à construção dos conhecimentos formais curriculares e o desenvolvimento de competências para sua utilização no real.

De outro lugar, as crianças, agora das gerações Z e Alpha, nascidas em meio a revolução e evolução tecnológica e globalização, assumiram novos padrões de comportamento, relacionamento, pensamento e consumo para os quais as gerações anteriores se sentem distanciadas e com pouca compreensão e capacidade para lidar (OLIVEIRA, 2019).

Assim, com uma sociedade em constante transformação, a família, como um sistema complexo e pertencente a esta sociedade, não deixa de ser impactada, sendo constantemente convocada à avaliação de suas concepções e organização para que possa dar conta da complexa tarefa de educar os filhos, frente a estas novas configurações sociais e desafios da contemporaneidade.

Justificativa

Muitos pais, mães e/ou responsáveis se veem com dificuldades para o exercício de sua função parental, o que nos leva a considerar a necessidade e importância de uma intervenção junto aos grupos familiares, com vistas a oportunizar a estes atores um espaço seguro para que o diálogo, a partilha de experiências e a reflexão sobre suas funções, papéis e relações parental aconteça.

Foi partindo desta realidade que o Projeto Escola de Pais foi desenvolvido com a intenção de criar este espaço dialógico com estas figuras parentais, com vistas a alcançar, de modo direto e indireto, a promoção de condições de relacionamento, desenvolvimento e aprendizagem mais saudáveis.

Este projeto pode trazer significativos contribuições diversas para os sujeitos e espaços envolvidos. Do ponto de vista da escola, de outras instituições educativas e dos profissionais da educação, oportuniza a criação de um espaço dialógico e estreitamento do vínculo família-instituição, o qual é fundamental para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem (CASTRO; REGATTIERI, 2009).

Às famílias, permite a reflexão sobre situações cotidianas da dinâmica familiar e relação com as crianças e, de modo consequente, o desenvolvimento de estratégias de intervenção e/ou enfrentamento sobre as mesmas.

Projeto de autoria da Dra. Helen Tatiana dos Santos Lima, Psicóloga Escolar.

Psicóloga, Especialista em Educação Inclusiva e Psicologia Escolar, Mestra e Doutora em Educação. Professora universitária e professora formadora da EAPE/DF. Diretora de Estudos na Educação da Rede Internacional de Excelência Jurídica do Distrito Federal. Mentora e Coordenadora dos Projetos Brinquedoteca Solidária e Escola de Pais. Pesquisa em aprendizagem, desenvolvimento infantil e gênero.